Sabemos que um profissional de Relações Públicas é versátil, podendo atuar em organizações privadas, públicas e do terceiro setor. Além dos Três Setores Sociológicos, ainda pode seguir a carreira Acadêmica.

Entrevistamos hoje Mariany Granato, formada pela Unesp Bauru e ex-membro da RPjr, que seguiu a carreira Mercadológica e após algum tempo resolveu voltar para a academia, sem abandonar o mercado, para sabermos como foi a trajetória dela durante toda a sua carreira.

Como foi o processo de decidir fazer RP?

Desde o segundo colegial comecei a me interessar pela área da comunicação, a princípio pensava em jornalismo, mas depois de passar por alguns processos de auto conhecimento e de conversar com profissionais que atuavam na área de RP decidi que gostaria de seguir essa carreira, principalmente pela capacidade de ser uma profissão que auxilia na transformação de ambientes por meio da comunicação, isso era o que me chamava mais atenção.

Escolhi fazer UNESP pela grade curricular do curso, percebi que teria disciplinas voltadas para a sociedade e que a forma que abordariam seria pelo viés da criticidade, e era isso que buscava. Sempre tive muito claro que é esse o ponto que nos diferencia no mercado de trabalho. Depois disso, quando cheguei em Bauru para fazer a matrícula foi amor à primeira vista, pela cidade, pelo campus, pela acolhida dos veteranos, pelo projeto ‘Adote’ que me deixou mais segura e confortável no início dessa caminhada.

E a graduação? Você fez parte de algum projeto? Como foi?

Durante a graduação, logo no primeiro ano, entrei para uma chapa com o objetivo de concorrer à RPjr. Não estão entendendo nada? Naquela época (hehehe) a RPjr era composta por 5 diretores apenas e os projetos eram desenvolvidos pelos diretores e estagiários que eram alunos que se cadastravam para participar pontualmente de cada um deles. Para ocupar as cadeiras de 5 diretores aconteciam eleições, nas quais todos os alunos de RP eram convocados a votar nas chapas candidatas.

Em 2008 nossa chapa ganhou e passei a ser Diretora de Comunicação da empresa. Enejunesp vai, Enejunesp vem, decidimos reestruturar a formação da empresa e acabar com o modelo de chapa que já havia sido superado. Foi aí que começamos com processos seletivos para selecionar os trainees das respectivas áreas e, em um ano, já tínhamos uma formação completamente diferente da inicial, com novas diretorias, o que proporcionou mais seriedade para todos os projetos desenvolvidos. Inclusive a cor laranja foi decidida em uma das últimas reuniões que participei. Muita polêmica envolvida, confesso que fui contra no começo, mas depois os laranjinhas ganharam meu coração. Sou fã da empresa e muito orgulhosa por ter feito parte desse movimento. Ainda na graduação fui bolsista BAE de uma revista acadêmica eletrônica coordenada pelo professor Jefferson Goulart. Um pouco depois dei início ao estágio na Tilibra (2010) na área de comunicação interna, foi um período de muita aprendizagem, sou muito grata pela oportunidade.

No último ano também participei do Projeto Rondon, subsidiado pelo Ministério da Defesa, no qual nos unimos a outras universidades brasileiras para atender socialmente diversas regiões do país. Nossa missão foi no Amapá, na cidade de Cutias do Araguari.

Como foi sua trajetória profissional? Quando decidiu voltar para a academia?

Depois de conhecer algumas áreas de atuação do RP não ficou nada fácil saber qual área gostaria de seguir, mas tive a oportunidade de entrar no mercado digital pela Editora Alto Astral e não tive dúvidas de que esse era o caminho para o momento, precisava conhecer o que estava acontecendo nesse mundo. A Editora me proporcionou uma bagagem interessantíssima e muito valiosa, que me acompanha por toda a vida e que me abriu portas para as oportunidades seguintes. Quase dois anos depois senti uma falta muito grande da área de pesquisa e retomei o contato com a Unesp, passei no mestrado, desenvolvi meu projeto com auxílio da bolsa Capes, dedicação exclusiva e conclui o trabalho em 2015. Tenho muito orgulho do que desenvolvi com a super orientação do professor Drº Danilo Rothberg que teve paciência de me ensinar a fazer pesquisa realmente, lembrando que durante a graduação não desenvolvi iniciação científica porque achava que não era meu caminho. A vida muda, pessoal, e a gente também, que bom!

Após concluir o mestrado, na área da comunicação pública e dos direitos da pessoa com deficiência, projeto multidisciplinar que envolve universidades do Brasil todo, fui pra São Paulo e voltei a trabalhar com o mercado digital, conhecendo uma metodologia nova para a época: o Inbound Marketing. Durante essas experiências em agência, ocupava cargos relacionados à atendimento, planejamento e análise de dados.

Depois de dois anos decidi voltar para a pesquisa e comecei o doutorado na Unesp de Bauru, cidade que escolhi para viver! Hoje sou orientanda do professor Drº Denis Renó e estou na fase de decisão efetiva do projeto de pesquisa, sou professora universitária e de pós graduação e continuo no mercado trabalhando como atendimento, planejamento e inteligência de dados em uma agência de marketing digital da cidade.

Você consegue comparar o Mercado com a Academia? Acha que as duas áreas se complementam ou competem entre si?

Acredito que os dois mundos (mercado e academia) não precisam ser divididos por um muro, eles têm e devem se conversar, busco em ambas as experiências trazer significado para o que está sendo passado adiante. Entendo que existem disciplinas que nos dão a base sólida para nos desenvolvermos dentro do mercado de trabalho e, também, enquanto pesquisadores. Entendam, não estou aqui defendendo a predominância de disciplinas técnicas e práticas, até porquê a atividade mercadológica muda MUITO e CONSTANTEMENTE, mas acredito no intercâmbio entre esses mundos de modo efetivo para determinado momento da graduação. Sou e serei eternamente grata a todos os professores que passaram pela minha vida, minhas fontes de inspiração para ser uma pesquisadora melhor e ética acima de tudo e, também, aos profissionais de mercado que me ensinam dia após dia a importância de nos conectarmos com o que está em constante transformação. No final das contas os dois mundos trabalham diretamente com a sociedade e com as transformações dela, por isso acredito que esta conversa e intercâmbio deva existir em determinados momentos, claro.

Tem algum conselho pra quem está começando a carreira agora?

Sei que não cabe a mim aconselhar, cada um tem uma história e uma trajetória de vida, no entanto, acredito que, permitam-me o espaço, nós não devamos nos fechar em um mundo que acreditamos estar sempre certo, a busca constante por aquilo que nos dê sentido de vida dentro do nosso exercício do trabalho é viva e diária. Olhem ao redor, quebrem os paradigmas, não tenham medo de experimentar. As críticas sempre virão, mas se você acredita no seu caminho, use-as para construção de algo positivo, acertem as arestas, ajustem os ponteiros, retornem quando acreditarem que devem retornar. Não tenham medo e não fechem portas, testem, façam e refaçam se não der certo da primeira vez. E, principalmente, paciência, dê tempo das coisas acontecerem e de colherem os frutos do que estão plantando dia após dia.

Entrevista realizada por Lillian Gutierres, Gerente do Escritório de Projetos.

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